O escritor brasileiro mais famoso do mundo diz que não vem ao Brasil ver os jogos do campeonato mundial de futebol porque está decepcionado com o governo, a Fifa e os escritores nacionais
O escritor Paulo Coelho tem 66 anos e convive com dois stents no
coração por causa de um acidente vascular que sofreu em novembro de
2012. Mas nunca esteve tão jovial como agora. Sempre em estado de
exaltação e hiperatividade, casado há 34 anos com a pintora Christina
Oiticica, ele está à frente de um movimento de jovens escritores
fantásticos que pretendem renovar a ficção literária por meio da
interação das redes sociais. Ao longo dos anos, aprendeu a dominar as
ferramentas da internet. Isso lhe permite controlar tudo o que acontece
em torno de sua obra na rede. Tem 28 milhões de seguidores nas redes
sociais, dialoga e interage com seus leitores, que hoje ele prefere
chamar de internautas. Seu novo romance, Adultério
(Sextante, 240 páginas, R$ 24,90), conta uma história tradicional de
traição, mas inova no método. Pela primeira vez, um grande escritor
conhecido mundialmente se valeu das redes sociais para construir enredos
e criar personagens. Ele concedeu esta entrevista exclusiva em seu
apartamento em Genebra, na Suíça. Enquanto realizava várias tarefas
simultaneamente (computador, arco e flecha e orações), abordou os mais
variados assuntos, do seu desagrado com o Brasil atual aos avanços do
papa Francisco. Não visita o Brasil oficialmente há uma década, nem
pretende comparecer à Copa do Mundo, apesar de ser convidado vip da
Fifa. Mesmo torcendo pelo Brasil, ele faz previsões não muito otimistas
em relação ao evento. Além de temer o aumento da violência dos protestos
em torno dos estádios, ele não aposta que o Brasil vai ganhar a Copa. O
Brasil corre o risco de ter uma grande decepção. O tema que predominou
nessa conversa que durou seis horas foi o de sua predileção: a arte de
contar histórias. E sobre isso ele tem muito a ensinar aos desnorteados
autores brasileiros. Esta é provavelmente a entrevista mais longa de
Paulo Coelho já publicada. E talvez uma das mais densas.
Fonte: Época
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