--Eraldo Maciel--
Pablo
era um menino pobre. Com voz aguda, extremamente aguda, sempre viu na
música o seu sonho. Natural da região de Candeias, na Bahia, ainda bem
jovem integrou uma banda que chegou a fazer relativo sucesso no Estado,
com uma nova roupagem, bem melosa, das músicas mais tocadas nos rádios.
Mas
foi ao buscar a carreira solo, há alguns anos, que Pablo se
transformaria na "Voz Romântica do Arrocha" e começou a ganhar dinheiro.
O menino que outrora fazia barzinho para sobreviver mudou o valor do
seu cachê - e também mudou de personalidade.
O
cantor Pablo do Arrocha foi uma das principais atrações da Micareta
2014 de Jacobina. Atraiu uma verdadeira multidão a acompanhar o trio
elétrico. Até aí, tudo bem: é para isso que os artistas são contratados,
a peso de ouro, para se apresentarem ao seu público. Dizem que custou
mais de R$ 120 mil.
Mas
o Pablo deu dois shows na Cidade do Ouro, que lhe recebeu de braços
abertos: um, aquele para o qual foi contratado. O outro, terrível, foi o
da arrogância e prepotência, dele e da sua "produção": não interagiu,
nem por um segundo, com o público presente; se recusou a tirar fotos com
fãs e até organizadores da festa... Chegou ao ponto de dizer ao povo
que ia "tomar água" e demorou mais de 20 minutos no camarim, deixando
uma cantora desconhecida em seu lugar, cantando play-back... E, quando
retornou, diante das vaias do público, subiu ao palco aparentemente
comendo algo. Pablo também se recusou a citar os nomes dos veículos de
comunicação de Jacobina, principalmente as rádios. Chegou a virar as
costas para o camarote da Imprensa, onde estavam as rádios Serrana Lider
FM, Clube AM, Jornal A Notícia, Diário da Chapada e blogs.
Deselegante,
mal-educado, arrogante, o cantor está sendo duramente criticado nas
redes sociais. E o pior: suas atitudes se repetiram já em outros
lugares. Várias emissoras de rádio retiraram suas músicas da
programação, fruto do desrespeito de Pablo para com aqueles que mais
contribuíram para a sua divulgação.
Já
vi muitos casos assim. Gente que surge do nada - e para o nada volta.
Pablo é um desses "fenômenos": são conhecidos aqui, em alguns lugares do
Nordeste. No Centro-Sul do país ninguém o conhece, nunca ouviu.
Há gente que é estrela, sobe ao alto e brilha sempre. Há gente que é rojão: sobe um pouco e logo se apaga. Pablo é rojão.
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(*)Eraldo Maciel, jornalista e radialista, é coordenador de Jornalismo das rádios Serrana Lider FM e Clube AM, de Jacobina (BA).
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